REFORÇO ESCOLAR FORA DA ESCOLA: UMA BOA SAÍDA!


Seja em escolas públicas ou privadas, a demanda de alunos com a denominada “dificuldade de aprendizagem” ainda é grande, levando professores e gestores ao desespero por não conseguirem atender a todos. Além disso, como não conseguem acompanhar o ritmo de aprendizagem do restante da turma, muitas crianças e adolescentes sentem-se inferiores, baixando sua autoestima, o que prejudica ainda mais seu desenvolvimento intelectual.
Com o propósito de auxiliar esses estudantes a elevarem sua autoestima por meio da aprendizagem dos conteúdos em defasagem, surge o reforço escolar. Conforme Luckesi (1999):
Reforço escolar é uma atividade de auxiliar o educando a aprender o que não foi possível aprender nas horas regulares de aula em uma escola. O ideal seria que a própria escola prestasse esse serviço ao educando, pois os estudantes necessitam de aprender; é por essa razão quem vem para a escola. E a escola promete, em sua propaganda, que eles aprenderão. Desse modo, caso eles não tenham aprendido, é dever da escola propiciar o saneamento desse impasse. Em última instância, se a escola não faz isso, alguém necessita de fazer. Usualmente são os pais que assumem essa tarefa, ou por si mesmo ou contratando quem oferece esse serviço.

Com certeza, a escola é primeira instância que deve prestar esse atendimento diferenciado aos seus alunos. Porém, salas superlotadas, número excessivo de alunos com diferentes defasagens, professores inexperientes ou falta de professores, entre outros fatores, contribuem para que essas crianças integrem e  permaneçam em um ciclo de fracasso escolar.
Por outro lado, Luckesi cita a família como corresponsável pela aprendizagem de seus filhos e muitos alunos conseguem avançar mediante o apoio dos familiares. Entretanto, esperar tal contribuição somente por parte da família também é ineficaz, já que muitos pais estão sobrecarregados com trabalho, algumas famílias não conseguem se ajustar para tal apoio, ou mesmo por não saber como fazer, realizam tentativas frustradas de ensinar seus filhos em casa, contribuindo para baixar ainda mais a autoestima.
Você já parou para pensar que, muitas crianças rotuladas pelas escolas com “dificuldades de aprendizagem”, apáticas e sem interesse, nem sempre foram assim? São as mesmas crianças que se dão muito bem no futebol, nas aulas de Educação Física, ou em peças teatrais; que ganham todas as partidas de bolinha de gude ou no vídeo game. São aquelas crianças que se desenvolveram muito bem em seu período de vida pré-escolar e, de repente, começam a ter dificuldades em assimilar determinados conteúdos, acumulando lacunas sobre lacunas. Então, essa criança, esperta e ativa anteriormente, torna-se aos poucos um indivíduo com distúrbio de aprendizagem ou outro rótulo parecido?
Vamos entender melhor. Se você vai construir uma parede e começa a economizar tijolos, deixando espaços que deveriam ter sido preenchidos, o que poderá acontecer em certo ponto? Claro, irá desmoronar. Assim acontece com a aprendizagem. É preciso preencher todas as lacunas que foram deixadas ao longo do processo de aprendizagem, antes que tais necessidades tornem-se realmente dificuldades para aprender.
Ausubel, pai da Teoria da Aprendizagem Significativa, defende que tal  aprendizagem ocorre quando a nova informação ancora-se em conceitos relevantes (subsunçores) preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Ausubel define estruturas cognitivas como estruturas hierárquicas de conceitos que são representações de experiências sensoriais do indivíduo. A partir de um conceito geral (já incorporado pelo aluno) o conhecimento pode ser construído de modo a liga-lo com novos conceitos facilitando a compreensão das novas informações, o que dá significado real ao conhecimento adquirido. As ideias novas só podem ser aprendidas e retidas de maneira útil caso se refiram a conceitos e proposições já disponíveis, que proporcionam as âncoras conceituais. Ou seja, é preciso ter conhecimento prévio sobre determinado assunto para que possamos aprender sobre ele. É preciso colocar tijolos sobre tijolos, para construir um conhecimento significativo.
Para que isso aconteça na escola, a necessidade de saber o que cada criança sabe é essencial. Cada indivíduo traz consigo experiências e saberes diferentes que devem ser levados em conta na hora de planejar o ensino. Paulo Freire já dizia que “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” (A importância do ato de ler) e também dizia que “se não houve aprendizagem, não houve ensino” (Pedagogia da Autonomia), tamanha a responsabilidade do professor em conhecer cada aluno, cada sujeito.
Mas como saber o que sabe cada criança em uma classe de 25 ou 30 alunos? Como desenvolver planos individualizados de atendimento a cada um? Professores eficazes e responsáveis sofrem ao perceberem o quanto é difícil atender a todos em suas peculiaridades. Esforçam-se para proporcionar atividades e projetos diferenciados, porém fazer com que 100% da turma avance em suas aprendizagens num mesmo ritmo é quase impossível.
Considerar o ritmo e o estilo de aprendizagem, acionar os conhecimentos prévios e planejar atividades interessantes (principalmente com uso de jogos, desafios, plataformas interativas e projetos pessoais de estudo), são a chave para que o reforço escolar leve o aluno, antes propenso ao fracasso escolar, a reconhecer e valorizar seus saberes, elevar sua autoestima e aprender.
 “É melhor prevenir do que remediar” também aplica-se ao fracasso escolar.
Por isso, muitas vezes o recurso é o reforço escolar ofertado por instituições especializadas. Nelas, o professor, por meio de atividades lúdicas e diferenciadas e com foco nas necessidades pedagógicas individuais, auxilia o aluno a vencer os obstáculos presentes em sua aprendizagem, identificando as lacunas e proporcionando um ensino individualizado.

Profª  Me. Deborah Arantes de Araújo
Idealizadora do Ateliê de Saberes







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