As experiências vivenciadas pelas crianças bem pequenas servem como suporte para o desenvolvimento da personalidade adulta.



Montessori, em uma palestra realizada na primeira metade do século XX, demonstra as diferentes fases da vida infanto-juvenil, dividindo em períodos de seis anos, que se inicia com o nascimento e se subdivide até os 18 anos, quando está formado o adulto. Mas a fase considerada por Montessori como a mais importante é a inicial:
Entre o nascimento e a idade de seis, o homem tem certas características: ele é doce e gentil. Esta é a fase mais bela da vida. Esse primeiro período é uma preparação para o segundo e quanto mais você pode oferecer para apoiar seu desenvolvimento, mais você estará fazendo para o segundo, e melhor será o segundo em todos os âmbitos – mentalmente, fisicamente e intelectualmente.

Explica que o progresso das aprendizagens humanas não é linear e que cada período é um tempo especial por si mesmo:
Do nascimento aos seis é um tempo com características especiais, que são bem diferentes das que pertencem ao período de seis a doze – tão diferentes que podemos dizer que a criança tem duas vidas diferentes; uma termina aos seis e uma outra começa. É como um segundo nascimento.

Quanto a essa primeira fase, do nascimento aos 6 anos, ela é categórica em afirmar que é a fase de maior importância para o futuro adulto:
A missão da criancinha é modelar o homem em que mais tarde se tornará, então a natureza nos dá energias que se manifestam em nosso desenvolvimento psíquico. Cada período é a preparação para o próximo, e nos prepara muito cuidadosamente, cada dia. A Natureza nos deu leis e energias para que essa construção possa acontecer. Você não deve pensar que pode tomar uma criança em qualquer idade, digamos seis ou nove, e transformá-la em uma pessoa perfeita. A perfeição de uma criança de nove é dependente da criança que foi antes. A fim de obter uma criança melhor aos nove, devemos começar no nascimento.

Montessori, como em outros trabalhos, insiste na transformação do professor que trabalha com essa fase da vida:
Não é tão fácil educar qualquer um. Para ser um bom professor não é suficiente estudar numa universidade. Perfeição é uma parte da vida; a fim de atingi-la, devemos fazer um longo estudo. Conversão não pode vir para todos. Nós devemos tentar entender pacientemente e agir sobre nosso entendimento. Nossa conversão tem que ser no coração.

Presenciamos aqui a ideia da formação continuada docente, pois a própria Maria Montessori realizou suas pesquisas mediante a constante observação das crianças, reflexão sobre o próprio trabalho e fundamentação teórica – princípios básicos para a ação pedagógica.
A pesquisadora italiana atribui à escola o papel de ser um ambiente favorável à aprendizagem. Além disso, nos traz um princípio para pensarmos os currículos escolares:

“Se uma criança fica cansada de ser ensinada, é sinal de que estamos apresentando o conhecimento errado na hora errada. A criança deve ter prazer de aprender, porque ela é uma criatura inteligente livre no mundo.”

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