Aprender a cada dia...

Cada dia uma nova aventura e muito aprendizado...
Assim é o nosso dia-a-dia aqui na roça: cuidar dos bichos, descobrir que a flor não anda, ver de perto a abelha sem medo, e tentar, tentar, até... Conseguir!!!
Incentivar as descobertas de nossos pequenos, encorajando-os e apoiando-os sempre que se fizer necessário desenvolve sua autonomia e autoconfiança.
"É inútil afirmar que é muito difícil observar a prontidão das crianças. Na verdade, ela pode ser vista! Precisamos estar preparados para ver, já que tendemos a perceber apenas o que esperamos ver. Entretanto, não devemos nos apressar. Estamos propensos, com demasiada frequência atualmente, a nos tronarmos escravos do relógio, um instrumento que falsifica o tempo natural e subjetivos das crianças e dos adultos. " (AS CEM LINGUAGENS DA CRIANÇA - vol. I, 2016, p.90).
Loris Malaguzzi (fundador da Reggio Emilia) cita, em sua entrevista no referido livro acima, o relógio como escravizador e falsificador do tempo, tanto de e adultos quanto das crianças. Será que, se essa entrevista ocorresse hoje, em 2019, ele ainda citaria  o relógio ou o substituiria pelos smatphones, tablets, o uso incessante das redes sociais e de "vídeos educativos" que pretendem  ensinar sobre o mundo para as nossas crianças?
O advento da tecnologia, do acesso à internet e suas facilidades é algo que provavelmente não retrocederá e nem seria interessante que isso acontecesse, já que trouxe benefícios incontáveis à população mundial que tem acesso a esses instrumentos. Entretanto, todo ganho tem, paradoxalmente, suas perdas. Quais são nossas perdas diárias? O que deixamos de ver, de aproveitar, de sentir, de perceber, enquanto estamos frente às sofisticadas telas touch? Trocamos o toque humano pelo toque na tela?
Ouço por aí: "Nossas crianças estão muito mais espertas, já sabem escolher o que querem assistir, utilizam os aparelhos celulares melhor que nós (imigrantes digitais)"... Não discordo. Minha filha de 2 anos e 8 meses já escolhe o que vai assistir no You Tube Kids ou no Netflix , canta algumas músicas em outros idiomas, alias já sabe cores em inglês e espanhol. Ótimo! Conhecimento não ocupa lugar, dizia meu pai. Creio que o que ele queria dizer, na verdade, é que quanto mais a gente se abre para novos conhecimentos, mais espaço se abre em nosso cérebro para aprender. Ele estava certo, sem nunca ter ouvido falar de neurociência!
Minha filha se abre um pouco a cada dia para aprender mais... Com a internet? Também, mas somente a internet não basta a si mesma. Há elementos preciosos que trazem sentido à vida que as redes sociais, o You Tube, e as tantas tecnologias ainda não podem propiciar ao ser humano. E são essas experiências que nos conectam com o mundo real.
O contato com a natureza, com as pessoas, com a realidade, com o mundo que nos toca, que tem cheiro, que traz sensações não pode ser alcançado por um toque numa tela fria.
A internet já faz parte da vida da minha pequena pois não posso deixá-la alienada de uma realidade presente em nossa sociedade contemporânea, mas ela precisa aprender muito mais para conviver em comunidade, ser gentil com o próximo, respeitar e valorizar o meio ambiente e a natureza, enfim, conteúdos que ela não aprenderá se estiver enclausurada no quarto frente a um computador ou em carteiras sólidas numa sala de aula.
O mundo é movimento. Portanto, aprender sobre ele exige movimentar-se, sair do lugar, projetar-se, empreitar uma caminhada, buscar, errar, refazer, acertar ou não, refletir, criar hipóteses, testar...
"O que provém do mundo repercute no ser e o que provém do ser ressoa no mundo. Portanto, o mundo é uma extensão do ser" (BRINQUEDOS DO CHÃO: A NATUREZA, O IMAGINÁRIO E O BRINCAR, PIORSKI, 2016, p.30)





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